tag:blogger.com,1999:blog-16949190446260971582024-03-08T06:11:57.960-08:00Mínima PalavraUnknownnoreply@blogger.comBlogger13125tag:blogger.com,1999:blog-1694919044626097158.post-70760106546404513932012-03-23T14:30:00.002-07:002012-03-23T14:31:18.541-07:00Ausência<br />da intensa vivência dos acasos num país estrangeiro<br />a escrever imprecisões de sensações tocadas<br />jamais compreendidas<br />mas agora não mais sentidas<br />tampouco esquecidas<br /><br />27/04/09Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1694919044626097158.post-83309546197706709392012-03-23T14:30:00.001-07:002012-03-23T14:30:32.453-07:00Para o pequeno Caetano<br /><br />Acorda, sorri para o mundo.<br />Já se pendura no chiqueirinho<br />tudo isso para dar um Bom Dia.<br /><br />Vive a vida<br />Não tem medo,<br />nem maldade.<br /><br />Vejo-o de longe.<br />Não posso tocá-lo.<br />(...)<br />mas sinto que já faz parte de mim.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1694919044626097158.post-77652040972343164132012-03-23T14:28:00.001-07:002012-03-23T14:28:47.031-07:00minha riquezaAlguns livros, <br />e casacos pendurados.<br />Uma cama encostada na parede,<br />uma torneira de água fria,<br />um espelho achado no lixo da rua.<br />três lâmpadas <br />(e nenhuma delas está no teto).<br /><br />Uma mala de viagem vazia esperando uma volta<br />Eu piso num chão vermelho envelhecido,<br />marcas que carimbam passagens de várias vidas.<br />Desde 1900 esse prédio abriga famílias nos andares confortáveis.<br />bem como empregadas, estudantes e estrangeiros no sótão quente e frio.<br />Tenho um rádio sem antena, <br />que nunca tocou pra mim.<br /><br />Na parede de cortiça tenho fotos afixadas para chorar a ausência daqueles que me amam.<br />São sorrisos que fazem minha felicidade maior.<br /><br />04/12/08Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1694919044626097158.post-87892701269869238662012-03-23T14:27:00.000-07:002012-03-23T14:28:04.104-07:00uma históriaO outono dos poetas passa-se aqui. Agora posso ser a personagem de Balzac, Flaubert. Baudelaire, Duras... <br />As flores do mal do poeta maldito eu vejo todos os dias pelas ruas de Paris. <br />Eu tenho uma janela para o mundo (daqui posso ver cenas de família que tenho saudade).<br />Solidão!<br />Escuto minha própria respiração.<br />O silêncio faz medo em mim.<br />Mas é a prova da minha existência.<br />Agora vejo que não tenho papel para fazer nenhuma personagem.<br />Tenho uma história minha, só minha.<br />Ninguém mais conhece.<br />Só eu.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1694919044626097158.post-41640790873681319372012-03-23T14:26:00.000-07:002012-03-23T14:27:05.408-07:00Algum LugarCafé com leite;<br />baguete tradição com manteiga.<br /><br />Só de pensar que a noite é minha,<br />subo sete lances de escadas com prazer;<br /><br />Caminho pelos bulevares sem rumo,<br />o Rio Sena é minha travessia.<br />o Arco que fica na esquina de casa não triunfa tanto.<br />Meu brinquedo de infância é maior que isso.<br /><br />A Torre Eiffel brilha à noite, <br />encanta-me,<br />mas eu não existo pra ela.<br /><br />No Champs Elysées eu não compro nada,<br />pois meu luxo não está à venda.<br /><br />Minas Gerais vale ouro:<br />Feijão, farinha, mandioca, doce-de-leite, pé-de-moleque...<br />estão longe daqui.<br /><br />A língua de lá me dá mais aconchego;<br />a língua daqui fecha minha boca,<br />e faz calar minha alegria. <br /><br />(...)<br />Mas é aqui que percebi as coisas simples de lá...Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1694919044626097158.post-57033628068654706042012-03-23T14:25:00.000-07:002012-03-23T14:26:09.206-07:00Desenhos de guerra.<br /><br />Sentada na cadeira da sala de jantar, uma criança de apenas sete anos cria desenhos de guerra. Ela pede ajuda. Não tenho nenhuma reação. Tento fazer e não consigo. Como para apontar minha falta de criação, ele ria da cena de guerra que eu tentava colorir. "Incapaz eu sou" - pensei comigo. Essa criança sai da escola todos os dia com um desenho novo do mesmo tema: A GUERRA. Ele quer um álbum para colecionar todos eles. <br />Fui colonizada. A guerra não existe em mim, mas para essa criança européia ela está presente como uma cena banal...<br /><br />18/09/08Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1694919044626097158.post-78889881680389927432012-03-23T14:24:00.002-07:002012-03-23T14:25:00.755-07:00Um homem pergunta se o metrô vai em direçao à Ópera. A menina estava lá para lhe responder. Vestido de hippie, cabelos compridos bem lavados, sandália nos pés e um relógio no pulso. "Sim, este vai para a Ópera", respondeu a moça. Ela imagina un tanto de coisas: "Porque estes pés inquietos? Da onde esse homem veio? Não é francês, pois tem sotaque estrangeiro." O homem senta no banco e olha a hora por um minuto. "Ele teme estar atrasado ou aprecia o tempo que não passa?". De dentro dele saía um som de fatiga, de fim de tarde., mas ainda era uma e quinze da tarde.<br /><br /><br />16/09/08Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1694919044626097158.post-66611112189917851142012-03-23T14:24:00.001-07:002012-03-23T14:24:41.134-07:00É domingo, acordo cedo, vou ao aeroporto. Destino: metro até a estação do Norte, em seguida, o trem estrangeiro até terminal 2E. Dentro do trem, ouço tudo, menos francês. Malas cheias, máquinas não mais penduradas no pescoço, os estrangeiros olham com preocupação o destino do trem. Chego no desembarque, plaquinhas no ar, olhares de saudade. Uma mala no meio do caminho, sem dono, suspeita. "Evacuem" gritava a polícia. Não temo mais, é comum. Eu conversava com o alemão que falava francês. Sotaque exótico. Pensei em Hitler e na mala-bomba. Liberam a passagem. vejo a mala inspecionada cheia de panos talvez vindos do Marrocos. A mala guardava um colorido que invejava Paris. Alarme falso, passageiros inquietos. Vejo de longe, alguém da família. É ele! Reação inesperada e lágrimas que embaçavam os olhos. <br /><br />09/09/08Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1694919044626097158.post-58989951365092107792012-03-23T14:22:00.000-07:002012-03-23T14:23:31.012-07:00Ele entrou no metrô e gritou palavras sem medida. Eu, sentada no banco, tremi. Tive medo de ser violentada. Temia minha vida. Uma fúria sem explicação violentou o banco atrás de mim. Eu não quis olhar, mas escutava o barulho da cólera. Tento descer na próxima estação, ele também. Antes que as portas fechassem na estação errada, eu entrei de novo. Ele não. No caminho pra casa, sentia vontade de chorar, pois me via sozinha, sem proteçao. Para diminuir o medo, eu corria para chegar mais rápido no meu abrigo precário onde me tinha segura. No fundo eu queria entender aquela fúria, aquele rapaz e mais nada hoje, Mas talvez é para ser assim, sem explicação, pois fica mais acertado. <br /><br />30/08/08Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1694919044626097158.post-79026347438538708042009-11-19T08:35:00.000-08:002009-11-19T08:36:48.421-08:00La Redécouverte, de Yann Tiersenhttp://www.youtube.com/watch?v=iokY7XBUjyQ&feature=related<br /><br />C'est mignon ça.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1694919044626097158.post-24163988695416303862009-11-19T05:01:00.000-08:002009-11-19T05:09:06.428-08:00ObservaçõesAinda que meu quarto seja um ambiente absolutamente escuro, fecho os olhos para dormir.<br /><br />Observando uma pessoa sentada, no escuro, frente à tela de um computador ligado, noto que seu rosto fica azul.<br /><br />No verão, descubro às vezes uma formiga, ou uma mosca, passeando sobre minhas roupas.<br /><br />Depois de tomar um banho, posso escrever meu nome sobre o espelho do banheiro.<br /><br />Quando cruzo as pernas embaixo da mesa, às vezes bato com o joelho.<br /><br />Posso produzir um barulho notável se continuo a sugar com o canudinho o líquido que resta no fundo de um copo.<br /><br />Nathalie Quintane (France) in Inimigo Rumor, tradução de Carlito AzevedoUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1694919044626097158.post-54543026187921122802009-11-10T03:46:00.001-08:002009-11-10T03:46:48.414-08:00SaudadePara meu avô<br />Primeiro dia de aula e o professor não veio. <br />Entro na biblioteca: estante brasileira. <br />Livro: "Estrela da Vida Inteira"<br />Saudade dos elementos mais cotidianos colocados na escrita,<br />da pureza na fala do poeta,<br />dos seus versos de língua do povo.<br />Lendo "Profundamente" lembro do meu avô.<br />Ele adormeceu para todos os dias.<br />Mas a história da Coquinha ficou como um presente de infância.<br />A rua da Saudade agora tem um sentido outro.<br />Quando era criança achava bonito o nome dessa rua. <br />Agora não sei mais...<br />Vô Zé, Rio Claro foi sua melhor travessia. <br />Você faz saudade em mim e sei que vai continuar dormindo profundamente.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1694919044626097158.post-76625619796660447062009-11-10T03:34:00.001-08:002009-11-10T03:35:52.059-08:00Não tenho nome1, 2, 3 eram as palavras de bom dia da professora. As crianças não tinham nome, nem história. Ao final da aula, elas respondiam a uma voz que gritava números seqüenciais – e era a chamada. <br />Só descobri que se tratava de uma aula de matemática quando a professora desenhou com o giz branco quatro equações que era a única coisa que tinha nome naquele espaço quadrado – equação biquadrada. <br />Olhares dispersos em direção a um mundo onde falavam minha língua materna. 1, 2, 3... Calem a boca. A linguagem inacessível da biquadradice era a língua de prestígio, contudo era a menos querida e compreendida. <br />Aquelas quatro equações tinham hora para uma solução. Trinta minutos era o tempo decidido pela professora biquadrada. Zero era algo que receberia quem não entendesse a solução da biquadrada. <br />Naquele espaço frio, a arte era proibida. Desenhos não tocavam as paredes, nem os pátios. <br />O sinal que doía os ouvidos gritava. Todos tinham um rumo em direção a batuta do professor.Unknownnoreply@blogger.com0